Qual o cheiro normal da vulva e da vagina?

Qual o cheiro normal da vulva e da vagina?

Você já se deparou com a crença de que "vagina não pode cheirar a nada"? Pois bem, assim como temos um hálito (cheiro característico da boca) e nossa pele exala um cheiro próprio, nossa vagina também tem um cheiro que é dela.

Convidamos a ginecologista Dra. Juliana Honorato para nos ajudar com muitas dúvidas que temos no dia a dia quando às vezes pensamos: "esse cheiro é normal?" 🤔

É normal e está tudo bem

Toda vagina contém uma secreção esbranquiçada, transparente ou amarelada, que varia ao longo do ciclo menstrual, que apresenta um odor levemente ácido (correspondente ao pH vaginal) e vai ficando mais forte e marcado ao final do dia, sobretudo quando a região é abafada e aquecida.

Sabe quando a gente dorme e, pela manhã, temos o famoso "bafo matinal"? Esse odor característico é resultado do acúmulo de bactérias e células que, dado que não engolimos saliva durante o sono, acabam ficando por ali e geram este odor. Na vagina, isso ocorre da mesma maneira ao longo do dia.

Esta secreção natural da vagina é composta por bactérias, células mortas e líquidos secretados pelas glândulas do colo uterino e de lubrificação vaginal. Além disso, as células da mucosa vaginal produzem uma substância chamada glicogênio, uma espécie de açúcar que serve de alimento para os lactobacilos vaginais. Ao processar esse açúcar, essas bactérias o transformam em ácido lático, o que traz essa característica ácida ao odor vaginal. Essa acidez é importante, pois também serve de proteção contra a proliferação de outras bactérias nocivas na região.

Então pessoal, o odor mais ácido e característico da vagina é um bom sinal!

Mesmo ao final do dia, quando o cheiro está mais forte, é normal?

É sim! E a causa é simples: o abafamento da região íntima ou a presença das secreções acumuladas entre os lábios externos e internos, ou abaixo do capuz de pele que protege o clitóris. Quando a secreção vaginal natural se deposita nessas regiões, ela forma uma espécie de pastinha mais pegajosa (chamada esmegma) e não escorre, contribuindo para um odor mais presente.

E quando não é normal?

Mas há vezes que o odor está mais intenso e desagradável, diferente do habitual, e precisamos nos atentar. Essa mudança de cheiro geralmente está relacionada a infecções denominadas vaginoses bacterianas, que são justamente a proliferação excessiva de bactérias presentes na flora, como gardnerella e mobiluncus. Essas bactérias já habitam a vagina, mas em quantidades controladas, não significando necessariamente uma DST (doença sexualmente transmissível). Porém, quando ocorre uma diminuição da acidez vaginal, pode acontecer uma proliferação excessiva, que gera um corrimento amarelado, bolhoso e com odor semelhante ao odor de peixe estragado.

Importante ressaltar que quando há vaginose, o odor geralmente é contínuo, presente inclusive durante o banho ou ao acordar. Diferente daquele odor mais presente apenas no final do dia que falamos acima.

Outra causa comum de odor anormal é a infecção por um microorganismo chamado trichomonas, que gera uma secreção acinzentada bolhosa e um odor de peixe semelhante à vaginose. Tanto uma como a outra necessita exame físico por ginecologista para diagnosticar e geralmente são tratadas com antibióticos.

Outras causas possíveis, menos comuns, incluem lesões malignas, esquecimento de absorvente interno ou preservativo (acreditem, acontece muito) ou presença de coletor menstrual por muitas horas, entre outros.

E o que fazer para evitar o mau odor?

  1. Manter a higiene diária da região externa (nunca lavar a vagina por dentro), com água e, se preferir, algum sabonete de pH fisiológico vaginal ou neutro. Lembrando de lavar bem as dobras de pele entre os lábios externos e internos, para retirar a secreção acumulada (esmegma).
  2. Manter a região arejada para evitar aumento e aquecimento. Dormir sem calcinha, e se possível até ficar sem calcinha em momentos em casa, com calça do pijama, por exemplo (isso no home office ficou mais fácil, hein). No dia a dia, dar preferência para calcinhas todas de algodão, renda ou outros tecidos respiráveis, e para roupas mais soltas e com tecidos leves (que tal uma calça soltinha de malha ou saia para dar um descanso à calça skinny?).
  3. Não permanecer com absorventes internos, coletores ou discos menstruais por mais tempo que o recomendado pelo fabricante.
  4. Realizar a higiene vaginal imediatamente após a relação sexual (o semem é altamente básico e pode alterar o pH vaginal).
  5. Procurar avaliação da(o) ginecologista sempre que perceber alguma mudança contínua no padrão.

E juntamos aqui para você outros conteúdos que pesquisamos para te contar:

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1 comentário


  • Sabrina

    Foi muito esclarecedoras essas informações, um tema complexo com uma explicação de fácil entendimento.


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